Corria, corria por cima de algo, parecido com nuvens, sem as tocar. Os corredores à minha frente estranhamente iam sendo absorvidos pelo chão, já não via ninguém. Até que ao longe, vislumbro a figura feminina de uma atleta, correndo e irradiando à sua volta um anel colorido.
Este anel, deduzi, retirava a energia aos corredores, por onde ela passava, estes por sua vez sem forças caíam e íam sendo engolidos pelo chão.
Quando cheguei perto dela virou a cabeça na minha direcção, mas não lhe consegui ver o rosto. Continuei a correr, ultrapassando-a com receio do seu poder e de ser engolido pelo chão. Não me aconteceu nada.
Corria cada vez mais lento. Avistei a meta, entusiasmei-me, mas não conseguia aumentar o ritmo. Estava na frente, corria e não saía do mesmo sítio, não avançava apesar de a meta estar tão perto.
A zona da meta estava deserta, só via um arco insuflável de cor laranja fluorescente, com furos de onde saíam feixes de luz em movimento helicoidal intensos, de várias cores. Em redor era tudo branco e enevoado.
Avistei-a novamente e observei-a melhor. A roupa desportiva era prateada, feita de uma só peça desde o pescoço até ao meio da coxa. Tinha asas no tendão de Aquiles e corria descalça. As mãos não tinham dedos, eram inteiras, corria com elas na vertical, direccionadas para a frente, com se quisesse cortar o ar. Mais uma vez não lhe consegui ver a cara, estava escuro, junto do rosto.
Desta vez passou por mim, nem olhou, dirigindo-se para a meta. Não corria, as pernas não se movimentavam, deslizava sobre as nuvens, com o corpo erecto. Eu continuava a correr, não saindo do mesmo sítio.
Olhei para o local da meta e vi-a com uma coroa de malmequeres na cabeça. Consegui aproximar-me da meta, suava muito, estava cansado. Havia uma força contrária, não me deixando atravessá-la, desviava-me para o lado, retrocedia, tentava de novo, continuava a desviar-me, ora para a esquerda ora para a direita, não consegui concluir a corrida.
Até já
:)
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